Olá, profs. Tudo bem?!
Recentemente foi divulgado o resultado final da inédita Prova Nacional Docente (PND), o “ENEM dos professores”, e lembrei do sentimento que ficou em relação a esse exame: “O INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) está falando a mesma língua quando se trata de PND e ENEM, professores e estudantes?”

Sabemos que exames são longos, cansativos, taxativos. Nisso PND e ENEM se assemelham, estão avaliando milhares e milhões de pessoas, respectivamente, e acabam adotando essa estratégia para diferenciar resultados. Mas, sobre as diferenças, tive a impressão de estar fazendo uma prova preparada por uma banca diferente daquela que avalia os estudantes do Ensino Médio.
Vocês também sentiram isso?
Na PND, haviam questões contextualizadas, num entrelace entre a química e a cultura, aspectos históricos, questões sociais, diferentes contextos educacionais, etc. Apesar de ser uma prova cansativa (80 questões + redação), senti que estava alinhada ao que os cursos de licenciatura em química defendem sobre a formação cidadã, a importância de projetos, o fazer científico. Isso considerei positivo.
Por outro lado, é como se o ENEM que os meus alunos fazem não estivesse completamente em sintonia com essa prova PND, mais próxima da realidade escolar. A gente sabe que o contexto escolar é extremamente complexo em vários aspectos, quem é professor tem ciência que a educação pública, por diversos fatores, não atende à formação desse aluno concurseiro – e também não é essa a função da educação. Entretanto, me gerou esse incômodo:
Que lacuna é essa entre o que se espera do professor (PND) e o que se cobra dos alunos (ENEM)?
Sei que a função do ENEM foi mudando ao longo das décadas; é bem evidente esse enfoque atual no ingresso ao ensino superior, principalmente o público. Mas ainda assim me gera uma estranheza. Por que ainda temos questões sem sentido à Educação Básica no ENEM? Por que essa prova não aborda questões indígenas, por exemplo, assim como na PND? Minhas turmas de 3º ano estudaram sobre a química dos povos indígenas da América do Sul (Soentgen & Hilbert, 2016) e, aparentemente, é isso que o MEC espera de mim enquanto professora. Contudo, com esse conhecimento meus alunos conseguirão resolver as questões objetivas do ENEM?
Vivo um constante dilema. Ensino buscando desenvolver um saber químico e crítico, mas há o sentimento de insuficiência por nem sempre prepará-los para a prova ENEM que (alguns) buscam prestar. Sigo fazendo o melhor que posso, por saber que o ensino puramente teórico e técnico gera a desconexão com a realidade material, por vivências pessoais e pesquisa acadêmica.
Só que essa é uma situação particularmente complexa pra mim, porque eu, como indivíduo, gosto de resolver questões de exames, de aprender, repensar e interpretar (acredito que foi um dos motivos de ter ido bem na PND). Porém, sei que a educação não se resume a questões do tipo ENEM/vestibulares.

Será que estou fazendo o suficiente pela educação química e crítica?
Será que o INEP tem clareza do descompasso existente entre o que se espera dos professores e dos estudantes?
Minha intenção aqui não é esgotar o assunto. Quis trazer algumas inquietações!
O que você acha a respeito disso? Vamos conversar um pouquinho.
Até logo,
Karoline Tarnowski
Receba novos posts por e-mail