Em 2013, Luis Ignacio García, professor de Ensino Médio no IES La Magdalena de Avilés, em Asturias na Espanha e, desenvolvedor da página FisQuiWeb, publicou o artigo “A vueltas com el mol: estratégias para explicar e introducir el concepto em secundaria” na revista espanhola Real Sociedad Española de Química.
O artigo, com tradução livre de “A volta com o mol: estratégias para explicar e introduzir o conceito no Ensino Médio”, aborda sobre a dificuldade que os professores têm de compreender o conceito de mol e explicar este conceito aos alunos.
De forma meio impessoal, Luis Ignacio começa o artigo contando uma história sobre a relação do químico com o mol, trazendo certa reflexão sobre o tema. Com poucas palavras, a história acontece em uma praça chamada Estequiometria. Nesta praça, há quatro saídas e é informado a um homem que uma dessas portas é vigiada por um químico. O homem está no centro da praça e necessita sair urgentemente. No entanto, ele só pode fazer uma pergunta para uma pessoa que vigia a praça, não podendo ser “Qual é a sua profissão?”. Ele se encaminha para uma porta e pergunta “Você poderia me dizer o que é um mol?”. Teoricamente, se a pessoa que cuidava da porta fosse um químico, saberia a resposta e abriria a porta para que o homem saísse da praça. No entanto, a realidade é bem diferente.
Segundo um estudo realizado por Strömdahl, Tulberg e Lybeck sobre o conceito de mol entre professores, somente 10,7% deles associava mol a uma unidade de quantidade de substância, sendo que a maioria identificava somente como número de Avogadro (60,7 %) ou com a massa (25%). Tendo em vista esses dados, o homem na praça dificilmente escaparia da Praça Estequiométrica.
O autor questiona sobre o nível do conhecimento dos professores sobre o conceito de mol e se existe alguma possibilidade de êxito na hora de tentar transmitir o conceito de mol aos alunos. Segundo ele, o conceito de mol está ligado a teoria atômica-molecular da matéria e ao Número de Avogadro. Portanto, cabe ao professor explicar os conceitos de átomos, moléculas e íons antes de entrar no assunto sobre mol, para a partir disso, trabalhar com reações químicas e estequiometria.
Luis propõe uma abordagem com um olhar macroscópico para o microscópico. Ele separa o processo de aprendizagem sobre mol em quatro etapas. Primeiramente, deve-se ter noção da grandeza do número de Avogadro e ele sugere que o professor coloque no quadro a magnitude deste valor. Depois, o professor deve tornar visível ao aluno este número e, neste momento, o autor sugere um comparativo de número de pessoas no mundo e o número de Avogadro. Este, ao meu ver, é uma importante etapa, pois permite ao aluno pensar e imaginar o tamanho da grandeza deste valor comparando-o e fazendo associações com o meio em que o aluno está inserido. Como neste momento, os alunos já têm conhecimento sobre átomos, moléculas e íons, o professor pode ter a liberdade de trabalhar com reações química e equações, relacionando-o com o número de mols. E, por fim, o autor sugere que professor convença o “público”, ou seja, os alunos. Para isso, ele indica um experimento em que o professor prepara diversas substâncias (elementos e compostos) e faz com que os alunos percebam as diferentes massas, mesmo indicando, a mesma quantidade de mols.
Segundo Luis, se o professor quer ensinar aos alunos o que é um mol, deve-se mostrar para eles este conceito na prática. E esta é uma teoria considerada bem aceita pelos alunos. Eles, ao serem questionados sobre a grandeza do mol e auxiliados na realização do experimento, possuem mais facilidade na compreensão do assunto.
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Referências
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GARCÍA, L. H. A vueltas con el mol: estrategias para explicar e introducir el concepto en secundaria. Enseñanza de la Química. Vol. 109, núm. 3. 209-212 p. 2013.
Resenha crítica sobre mol e estequiometria apresentada à disciplina de Laboratório de Ensino de Química II do curso de Licenciatura em Química da Universidade do Estado de Santa Catarina no segundo semestre de 2015.
Nadine Inácio
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