Olá, gente. Quanto tempo! Apesar de a última postagem ter sido feita em outubro, o blog não está esquecido, muito menos sem conteúdo programado! 😀 Estou trabalhando para que tudo que planejo seja postado nesse ano, semanalmente, às sextas-feiras <3.
Além dos habituais planos de aula, jogos, dicas de vídeos e tudo mais que já foram compartilhados, gostaria de trazer pra vocês dicas de livros que li também.
Este post será, então, sobre o que achei do livro Educação em Química – compromisso com a cidadania do Wildson Luiz Pereira dos Santos e da Roseli Pacheco Schnetzler.
Comprei esse livro em 2014, quando o vi num stand à venda no ENEQ em Ouro Preto. Não conhecia o livro nem os autores nesta época, no meu recém ingresso no segundo semestre da graduação. Como o título me chamou a atenção, decidi levar :D.
Como o nome sugere, o livro se trata da Educação em Química que tenha como foco a cidadania, de acordo com um dos objetivos do ensino segundo a Constituição de 1988. Desse modo, os autores abordam questões relativas à cidadania; democracia; importância do ensino de Química para a formação dos cidadãos; e ensino de ciências com enfoque em Ciência, Tecnologia e Sociedade, juntamente com estratégias de ensino nessa perspectiva.
Gostei muito do livro! Ainda mais porque li após cursar a disciplina de Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS) e perceber o quanto essas três áreas estão estritamente relacionadas. Por isso, assim como os autores, concordo que não podemos ensinar a Química com um fim em si mesma, para que os alunos sejam pequenos químicos. Devemos pensar nossas aulas envolvendo questão de CTS, contribuindo para a formação dos alunos de maneira mais significativa e para que desenvolvam um pensamento mais crítico. Quantos alunos estão no terceiro ano do Ensino Médio e não conseguem fazer nenhuma ou pouca conexão entre o que eles aprenderam durante todos esses anos de Química e a vida, dizendo que as aulas desta ciência são inúteis? Já ouvi isso inúmeras vezes durante o período escolar.
Sobre desenvolvermos aulas na perspectiva CTS, pode ser (e é) um processo difícil para nós que tivemos uma educação tão focada na Química, simplesmente, com pouca relação com as tecnologias químicas e o impacto na sociedade, por exemplo. Uma situação me veio à mente. No Ensino Médio, em algumas aulas foi ensinado Radioatividade e também a realizar vários cálculos do decaimento radioativo. Depois, nos foi contado em poucos minutos sobre o desastre de Chernobyl e o de Goiânia, com o césio-137. A questão que fica é: será que desenvolvemos todas nossas capacidades, exploramos os acontecimentos vendo suas causas e efeitos, trabalhamos os riscos da energia nuclear para o meio ambiente e para nós enquanto seres humanos? Não muito. Mas soubemos calcular bem o decaimento radioativo.
Será que não seria mais eficaz para a aprendizagem dos alunos desenvolvermos nossas aulas, como o Wildson e a Roseli propõem, realizando uma discussão estruturada, fóruns e debates, desempenho de papéis, estudos de caso, análise de dados, leitura de textos, projetos, experimentações, pesquisa de campo, palestras, redação de cartas para autoridades, ações comunitárias? É algo para pensarmos… e pormos em prática também, né?
É inviável realizar todas essas abordagens para todos os assuntos que precisamos trabalhar com os alunos. Mas e se fôssemos trazendo essas propostas para nossas aulas? É difícil pensarmos em tudo sozinhos, sei também que minhas aulas não são perfeitas, estão longe disso.
É aí que entra a internet, os blogs e os sites. Todos juntos, compartilhando nossas ideias, materiais, aulas desenvolvidas, a respostas dos alunos às atividades, ao trocarmos experiências e realizarmos discussões podemos mudar esse cenário educacional juntos <3.
Sobre o livro ainda, gostaria de compartilhar com vocês alguns dos trechos que gostei e marquei durante a leitura. Primeiramente, com um trecho da apresentação do livro escrito pelo Attico Chassot.
“Por que ensinar? Para fazer de nossos alunos e alunas homens e mulheres que sejam cidadãos e cidadãs mais críticos. (…) A transmissão desses conhecimentos deve ser encharcada na realidade, e isto não significa o reducionismo que virou um modismo Química no cotidiano (às vezes, apenas um utilitarismo), mas ensinar Química dentro de uma concepção que destaque o papel social da mesma, mediante uma contextualização social, política, filosófica, histórica, econômica e (também) religiosa. (…) O Ensino de Química para a cidadã e o cidadão deve estar centrado na inter-relação de dois componentes básicos: a informação química e o contexto social, pois para o cidadão ou a cidadã participar da sociedade precisa não só compreender a Química, mas entender a sociedade em que está inserido.”
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Na introdução, esse trecho também me chamou a atenção:
“A Química da escola não tem nada a ver com a química da vida e os objetivos, conteúdos e estratégias do ensino de Química atual estão dissociados das necessidades requeridas para um curso voltado para a formação da cidadania. ‘O ensino que se faz, na grande maioria das escolas, é – literalmente – inútil. Isto é, se não existisse, muito pouco (ou nada) seria diferente‘.”
Sobre os objetivos dos autores com o livro:
“Propusemo-nos neste livro a apresentar contribuições que possam orientar aqueles que ainda lutam para transformar o ensino inútil de Química em um ensino comprometido com a (re)construção de uma nova sociedade“
Sobre contextualização, cidadania e a relação com a escola:
“A contextualização significa a vinculação do ensino com a vida do aluno, bem como com suas potencialidades. Levando-se em conta as ideias dos alunos e se oferecendo condições para que se criem soluções para os problemas, é que, de fato, se pode propiciar a participação deles no processo educacional em direção à construção de sua cidadania, uma vez que, dessa forma, haverá uma identificação cultural e, consequentemente, a integração à escola.” ❤
Marquei praticamente o livro todo, por gostar de diversos trechos. Seria inviável transcrevê-los todos aqui e também nem tenho permissão para isso! 😛
Por último, apresento o trecho que deu origem a um espaço na barra lateral para a “Frase do Mês“, que se você está lendo neste mês é:
“Precisamos eliminar, portanto, a concepção ingênua de que estaremos educando cidadãos ao ensinar Química. Não basta ensinar conceitos químicos para que formemos cidadãos, pois a questão da cidadania é muito mais ampla, englobando aspectos da estrutura e do modelo da organização social, política e econômica.” ❤
Quanto às especificações técnicas da obra:
Título: Educação em Química
Subtítulo: Compromisso com a cidadania
Autores: Wildson Luiz Pereira dos Santos e Roseli Pacheco Schnetzler
Coleção: Coleção Educação em Química
Edição: 4ª ed. revisada/atualizada
Ano: 2014
Editora: Unijuí
Páginas: 160 págs.
ISBN: 9788574298894
Preço: em média R$ 30 – R$ 20 (usado)
Onde encontrar: Livraria Cultura, Livraria Machado de Assis, Editora Unijuí, Estante Virtual (usado)
Bom, então é isso!
Espero que tenham gostado. Deixem suas opiniões e comentários abaixo, mesmo que não concordem com as ideias apresentadas. Toda discussão é bem-vinda. Só através das discussões conseguiremos uma educação melhor.
Compartilhe conosco nos comentários caso tenha dica de livros, artigos, filmes e etc! 🙂
Até sexta que vem!
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amore você pode por favor me dizer qual página você pegou a citação : a contextualização…
Um livro que aborde questões CTS são sempre muito bem vindos. Parabéns pela postagem!
Sim, prof, é verdade. Ele tem umas tabelas também de comparação do ensino tradicional e ensino com foco em CTS. Muito show! Obrigada pelo comentário e também pelo apoio de sempre!! ❤
Parabéns, adorei!!! Mto bom…
Que bom que gostou! Obrigada 😊
Karô, cê escreve maravilhosamente. Bonito te ver tão dedicada ♡
❤