A ciência através dos tempos

Gostaria de compartilhar com vocês um livro incrível, um dos meus preferidos , que me foi apresentado na disciplina de História da Ciência. Neste época, a turma foi dividida em grupos e apresentamos seminários sobre os capítulos da obra durante o semestre. Após alguns seminários fazíamos as provas. Por conta disso, e também pela falta de tempo e diversos afazeres nessa época, confesso que a leitura não foi tão proveitosa quanto essa que refiz agora nas férias .

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Assim, ao reler, pude perceber o quanto esse texto escrito por Attico Chassot é maravilhoso, bem construído, e precisa ser lido por todos aqueles que gostam de ciências e querem entender, inclusive, a construção histórica do conhecimento. Ah, e também há trechos sobre fermentação, metalurgia, cerâmica, dentre outros, para apresentarmos aos alunos e utilizarmos nas aulas de Química. Quem foi que disse que não se usa texto em aula de Química?! 🙂

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Como o próprio autor afirma, este livro apresenta uma visão panorâmica da história da ciência e também uma introdução aos que eventualmente poderão desejar se aprofundar em determinado período. São discutidos, por exemplo, a pré-história, as civilizações como a egípcia, mesopotâmica, fenícia, hebraica, indiana, chinesa, grega e romana.

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Além disso, o autor faz um parêntese na história da ciência comumente eurocêntrica ao abordar alguns desses povos geralmente pouco estudados. Por exemplo, ao comentar que é provável que no terceiro milênio a.C. o ferro já tivesse sido trabalhado, antes mesmo dos povos aprenderem a reduzir seu minério terrestre. Isso porque o ferro teria sido originado inclusive dos meteoritos, sendo usado na construção de armas e instrumentos agrícolas! 😮

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Ainda sobre os metais, vimos sobre o possível processo acidental que deu origem à metalurgia, indispensável nos dias atuais. Processo originado quando homens e mulheres faziam fogo em terrenos onde havia malaquita ou azurita, minérios de cobre, e eram vistas bolas brilhantes desse metal, até então apenas utilizado em joias e objetos de adorno.

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Quanto ao ouro, metal com considerável valor econômico, Chassot faz uma menção aos alquimistas chineses. Isso mesmo: chineses. Só eu que pensava nos alquimistas europeus? Me conte nos comentários se vocês também… Então, eles almejavam a fabricação do ouro porque acreditavam que se comessem, se tornariam seres imortais com poderes sobrenaturais. Sendo já naquela época o ouro caro e os alquimistas pobres, não viram outra alternativa senão tentar fabricá-lo. No ano de 808 foi até lançado um dicionário de alquimia, com cerca de 335 verbetes! 😮

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A Índia também possuía conhecimentos relacionados à metalurgia, como é possível observar pelo Pilar de Ferro de Delhi, sem se enferrujar há mais de 15 s-é-c-u-l-o-s. 😕

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O livro também trata da ciência feita pelos povos latino-americanos que habitavam a região sul-americana anteriormente às colonizações europeias. Chassot faz isso a fim de entender quais eram as explicações relativas ao mundo e quais eram as práticas científicas utilizadas para melhorar a vida dessas civilizações. Como, por exemplo, em relação a bem desenvolvida civilização inca, localizada a oeste da América do Sul. São apresentados seus conhecimentos científicos no campo da engenharia, agronomia, medicina, matemática, astronomia e metalurgia.

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Quanto à agronomia, os incas cultivavam mais de 84 variedades de milho de diversos tamanhos e cores. Com a variedade roxa produziam um líquido fermentado semelhante à cerveja, a chicha, ainda muito consumido na região andina. Vocês já tinham visto esse tipo de milho? Eu nunca! 😮

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No que diz respeito à metalurgia e à medicina, os incas faziam agulhas e instrumentos cirúrgicos para serrar ossos utilizando uma liga de ouro, prata e cobre, pois esses metais conferiam à liga uma dureza semelhante a do aço. A imagem a seguir representa uma das cirurgias realizadas com este material! Na internet tem vááárias imagens dos crânios dessa época que foram submetidos à cirurgia. Se quiser ver fotos, clique aqui.

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Em A Ciência Através dos Tempos também são abordados os períodos relativos à Idade Média e ao Renascimento. Neste período, são apresentadas as contribuições de Andreas Libavius, que escreveu Alquimia, o mais bonito livro do século XVII relacionado à área.

O famoso Lavoisier também tem seu espaço na obra escrita por Attico Chassot, assim como Robert Boyle, Friedrich Wöhler, Svante Arrhenius, Alfred Werner, Wilhelm Röntgen, Marie e Pierre Curie, Max Planck, Albert Einstein, Ernest Rutherford, dentre outros pesquisadores. Ao analisar a história da construção do conhecimento, principalmente a partir de 1500 é possível observar a vasta contribuição da Física, seja em trabalhos associados ou não à Química. ❤

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Esse post deve estar um pouco grande já, não vou me ater a discutir vida e obra de cada cientista mencionado anteriormente. Para isso, sugiro que confiram o livro e voltem aqui e me contem o que acharam! 😀

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Gostaria de saber se alguém já leu a trilogia História das Ciências no Brasil de Mário Guimarães Ferri e Shozo Motoyama, lançados nos anos 1979, 80 e 81! Esse conjunto de livros foi indicado pelo Chassot para quem quisesse conhecer mais da história da ciência brasileira. Me contem nos comentários!


Apesar de ter gostado muito da leitura de A Ciência Através dos Tempos, fiquei um pouco decepcionada com a parte mais física do livro, tipo da capa. Como indica a imagem a seguir, a capa até é do tipo que eu gosto, mais mole. No entanto, ela não tem aquela orelha, sabe?

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Por isso, além de dificultar a marcação da página onde havia parado a leitura, favoreceu o desgaste das pontas da capa e contra-capa. Apesar de novo, a capa do meu livro rapidamente descolou um pouco após a leitura. E olha que sou cuidadosa com meus livros 😰. Percebi que não somente meu exemplar estava assim, como os da biblioteca e da minha professora da disciplina em que o utilizamos também. Com esse preço pago por ele, quase R$50, a editora poderia estar oferecendo uma versão hardcover com jacket… Ou abaixar o preço mesmo, né? Até prefiro 😕.

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Tenho livros com o mesmo preço (e até mais baratos) que esse e com uma qualidade um pouco melhor, folha amarela ❤, maior número de páginas e orelha na capa e contra-capa. Como, por exemplo, o Alfabetização Científica também escrito pelo Chassot, lançado pela Editora Unijuí 😬. Então não faz tanto sentido ser mais caro, né? 😜 Abaixem esse preço aí 😭

Quanto às especificações técnicas da obra:

Título: A ciência através dos temposUntitled 1
Autor: Attico Chassot
Coleção: Polêmica
Edição: 2ª ed.
Ano: 2011
Editora: Moderna
Páginas: 280 págs.
ISBN: 8516039471
Preço: novo R$ 45 – usado R$ 16 (em média)
Onde encontrar: Saraiva, Livraria da travessaCia dos livros, Livraria Machado de AssisEstante virtual (usados)

Créditos das imagens

Comentem aqui embaixo o que vocês acharam desse post, se vocês já leram esse livro, se leram algum outro sobre a História da Ciência ou da Química e que recomendam. Sugestões são sempre bem-vindas! 😁

Um professor de Física entrou em contato comigo mostrando seu blog História da Ciência. Se quiser conferir, clique aqui.

Ahhh! Já votou na enquete sobre o que gosta de ler aqui? Não? Então vota? 😬 Ela aparece na barra lateral 👉 se você lê pelo computador ou no final da página 👇 se você lê pelo celular. Duvido que tenha alguém lendo ainda o que eu escrevo, mas de qualquer forma: tchauzinho! Até sexta que vem!

Ps: Comentem… Vamos trocar ideias e experiências, sim?  ✨✨✨
Agora é sério. Vou parar de escrever. Tchau. 😁

Karol Tarnowski

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8 comentários sobre “A ciência através dos tempos

  1. sobre a China temos que lembrar que os fogos de artificial o macarrão e outros foram criados lá e tudo indica que mais de mil anos antes de cristo já o milho roxo por incrível que pareça eu vim numa matéria passada no globo repórter e quase achei que esse livro não era bom por não citar os povos pré colombianos os astecas que não vi o comentário ate trabalhar com petróleo para o asfalto faziam isso bem antes do mundo saber o potencial do recuso.

  2. ola, poderia me dizer quais foram as principais descobertas feitas ente os capítulos 5 e 6 desta obra….obrigada desde já.

    • Bom, ele não traz como ‘descobertas’, diria mais como habilidades que hoje reconhecemos e encaixamos como científicas. Resumidamente, sobre esse conhecimento, no capítulo 5: Uma história da ciência latino-americana determina outro marco zero (p. 83), ele fala mais especificamente dos povos andinos, sobretudo dos incas.

      Sobre esse povo, no que diz respeito à arquitetura e engenharia (p. 87), fala dos espaços organizados para soluções urbanas, como templos, palácios, fortalezas, pontes suspensas (com mais de 100 metros de extensão) e praças públicas. Também há as obras de engenharia mais ligadas à agricultura, como canais de irrigação e aquedutos. Há, inclusive, fortalezas com enormes blocos de pedra (chegam a ter 9m de altura e 360 toneladas) trabalhados com ângulos de tal forma que se encaixam uns nos outros sem a necessidade de nenhuma massa que os ligue. Eles também tinham as habilidades necessárias para construir planos em terrenos íngremes.

      Quanto à agronomia (p. 88), o livro traz a técnica de semeadura, colheita e armazenagem das plantas. Fala também da bebida fermentada que compartilhei nesse post (a chicha), o cultivo de variedades de algodão de diferentes cores (que os espanhóis pensavam ser tingidos). Além disso, Chassot menciona as habilidades relacionadas aos processos de desidratação, maceração e congelamento dos alimentos.

      Em relação à medicina (p. 90), ele fala das questões espirituais incas e também das cirurgias cesarianas e trepanações cranianas (como ilustrado na imagem desse post). No que diz respeito à matemática (p. 91), ele relata que os incas tinham conhecimento da geometria plana e utilizavam isso para medir os terrenos. Desenvolveram um sistema de contagem com nós e cordas, os quipus, para resolver problemas práticos. Quanto à astronomia e astrologia (p. 93), o autor menciona que os povos pré-colombianos tinham calendários precisos, provavelmente devido ao estudo dos fenômenos naturais. Sobre a metalurgia e artesania (p. 93), eles fabricavam ferramentas, joias, objetos de culto, cerâmicas e obras de tapeçaria.

      Ele dedica também um a seção para os indígenas brasileiros (pág. 96), onde diz que uma das explicações para os indígenas brasileiros serem diferentes dos incas, é que esses povos andinos viviam em uma geografia quase inóspita que os obrigava a ter práticas avançadas como as da agricultura e engenharia. No entanto, os nossos indígenas também tinham suas habilidades, pois construíam aldeias extensas (500 mil m²), interligadas por longas estradas… Haviam, inclusive, represas, pontes, aterros e fossas.

      Como disse anteriormente, essas são apenas as habilidades desses povos. No capítulo 5 ele trata também das questões relativas à nossa visão comumente eurocêntrica, masculina, branca e cristã de enxergar a história da ciência, explica também sobre o império inca e sua dizimação, nossos indígenas e sua dizimação… Vale a pena conferir! 👍

  3. Parabéns pela pagina, Karoline!
    Sempre tem dicas ótimas. Tb não tinha conhecimento dos alquimistas chineses. Achavam q eram árabes e europeus. Sobre o milho de variedade roxa, maíz morada como eles chamam, já conhecia. Ganhei até um grão seco. Kkk

    • Que bom que você gosta! Ué, mas nasce aqui ou você só ganhou? Nem sabia que tinha aqui! Também quero! Na verdade tô bem curiosa pra provar a chicha, apesar de não gostar muito de bebidas fermentadas (na verdade, cerveja). Não vejo a hoooora de ir pro Peru! 😍😍😍

  4. Interessante a obra do autor. Obrigado pela indicação, já está na lista de leitura haha
    Além de expandir conhecimento, podemos deixar as aulas mais interessantes.
    Quanto aos alquimistas, acreditava que haviam árabes e asiáticos também.
    Eu também um absurdo a qualidade do material pelo preço cobrado. Ano passado, quando pesquisei um livro com mais de 500 páginas, com capa mole custando ~ R$ 200,00 :/
    E eu não lia seus posts porque não conhecia, agora já favoritei e pretendo visitar mais vezes (pena que, durante o semestre letivo, ficará pesado).

    • Nossa!!! Que caro! Se eles fazem um livro tão caro, o que custa investir um pouco na qualidade física, né? 😏
      É, durante o semestre é meio complicado mesmo 😣, mas visite sempre que der… aos sábados, não sei haha.
      Fico contente que tenha gostado e muito obrigada pelo comentário! Até mais! 😃

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